Milhões de candidatos fizeram neste domingo (16) as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As provas de ciências da natureza e matemática foram aplicadas em 1.805 municípios das 27 unidades federativas.
As provas foram encerradas às 18h30, mas desde as 15h30, no horário de Brasília, os participantes já poderiam deixar a sala de aplicação, sem levar o caderno de provas.
A concluinte do ensino médio, Érika Tauany, de 17 anos, foi uma das primeiras a cruzar o portão de saída em uma escola em Brasília. A candidata achou as questões relativamente fáceis.
“Não foi muito complicado, não. Houve algumas questões fáceis, outras difíceis, em especial na prova de física”, contou à reportagem da Agência Brasil.
Quem também deixou o local de provas depois do tempo mínimo foi Thaylla Luara, estudante que se forma no terceiro ano do ensino médio em 2025. Aos 18 anos, ela sabe o quer: se formar em administração, para ter um curso superior e seguir na carreira de policial penal. “A prova foi bem tranquila, sem qualquer dificuldade em química, física e matemática. Consegui responder tudo rapidinho.”
Cansativa e difícil
Já outros candidatos relataram que as 90 questões foram mais difíceis que as do primeiro dia de provas, principalmente por causa dos conteúdo de matemática e física, que geralmente exigem mais cálculos e tempo de resolução.
Este foi o caso de Janderson Polibio, que fez o Enem para testar os conhecimentos após a conclusão do ensino médio há 13 anos. Das 90 questões, ele diz ter arriscado as respostas em um terço delas para garantir pontos extras.
“Fiz só o que eu sabia, o que eu lembrava. Chutei umas 30 questões. Não adianta eu ficar na prova sem me lembrar, sem nem ter noção do que é. Melhor chutar e ir pra casa”, justificou a saída precoce em Brasília.
No Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, muitos candidatos relataram que a prova estava longa e cansativa.
“Achei cansativa, mas as questões estavam tranquilas, mais do que a gente esperava. Consegui fazer tudo. Vamos ver. Estou confiante”, contou Amanda Barbosa, 18 anos, que tenta uma vaga para nutrição.
Outra que achou cansativa foi a candidata Ana Gabriela, de 19 anos. “Cansativa, mas bem mais simples que a do ano passado quando fiz de treineira. Me preparei mais para este ano, estudei e as questões foram um pouquinho mais fáceis este ano”, disse a participante que quer fazer pedagogia.
Leonardo Drummond, 23 anos, achou a prova difícil. “Estudei me preparei, vamos ver aí o que vai dar. Matemática não é muito a minha praia não”, disse à reportagem o candidato para administração.
Para Davi da Paz Morais, 20 anos, "as questões estavam bem elaboradas e não teve nenhuma sem sentido". "Achei boa a prova”, disse o jovem, que pretende cursar faculdade de direito.
Treineiros
Matheus Oliveira, de 16 anos, estudante do 1º ano de uma escola privada do centro da capital federal, foi o primeiro candidato a deixar o centro universitário de Brasília, onde prestou o Enem pela primeira vez como treineiro.
Mesmo considerando o nível de exigência da prova de matemática maior do que as demais, como química, biologia e física, Mateus considera necessário fazer o Enem para conhecer a prova sem ainda a pressão de ter que entrar em uma faculdade.
“Acho bom para me acostumar com a prova do jeito que ela é, que é diferente do que estou acostumado a fazer. É muito diferente dos simulados, porque, aqui, tive a pressão do horário no portão e lá dentro [da sala]".
Na condição também de treineiros, estavam os irmãos Felipe e Bruno Turazzi, de 16 e 17 anos, respectivamente, estudantes do primeiro e segundo ano do ensino médio de uma escola privada do Distrito Federal. Os dois fizeram o Enem por sugestão da mãe.
Felipe achou a prova difícil. “É muito grande e muito complexa. Estou no primeiro [do ensino médio] e não aprendi o conteúdo de todos os anos para fazer bem o Enem. E ainda estou na minha semana de provas e preciso estudar”.
Bruno Turazzi pensa em cursar direito, e reconheceu que não foi bem também nas provas de hoje. “Sou muito ruim em matemática, o que complica.” Porém, disse que a experiência foi válida. “Eu já posso saber como são as questões."
As notas dos treineiros não podem ser usadas para ingresso em universidades e somente serão conhecidas após 60 dias da divulgação das notas dos participantes regulares, em janeiro de 2026.
Famílias aguardavam do lado de fora
Enquanto os estudantes faziam a prova, do lado de fora de um dos locais de aplicação, estava a dona de casa Geni de Oliveira Penna Matos, que aguardava a saída da neta Leslianne Lohana de Matos Pereira.
As duas percorreram 50 quilômetros, vindas de Águas Lindas de Goiás, e chegaram ao local às 10h30. A jovem quer ingressar em uma faculdade pública para ser cardiologista ou fisioterapeuta.
A avó, que cursou somente o 1º ano do ensino fundamental, ficou na torcida por um bom desempenho da neta, criada por ela desde o falecimento da mãe.
“Meu coração está explodindo. Leslianne se preparou muito bem para poder vir fazer essa prova.”
Quem passava pela mesma aflição era o pedreiro Darci Pinto de Sousa Pedreiro, pai de Keyse, de 18 anos. A filha busca entrar na faculdade de medicina.
O pai, que estudou até o 7º ano do ensino fundamental, valoriza o estudo das três filhas. “O que a gente não conseguiu, eu tento que alguma delas consiga. O tempo passou para mim e o delas chegou para isso. Estou na expectativa e com esperanças. A Keyse se preparou, é bem dedicada. O tempo todo estava na mesa de estudos.”
Saída definitiva
A partir das 18h, os candidatos puderam sair com o caderno de questões.
O participante com solicitação de tempo adicional, aprovada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), tem direito a 60 minutos extras.
No caso dos candidatos que tiveram solicitação para o recurso de videoprova em Língua Brasileira de Sinais (Libras), o acréscimo será de 120 minutos, portanto, 20h30.
Reaplicação
Os participantes que perderam a aplicação de um ou dos dois dias de provas do Enem afetados por problemas logísticos, desastres naturais ou doenças infectocontagiosas poderão solicitar a reaplicação do Enem.
A solicitação deverá ser feita a partir desta segunda-feira (17) até 12h da próxima sexta-feira (21), no horário de Brasília, por meio da Página do Participante, no site do Inep, com login de acesso pela plataforma Gov.br.
A solicitação de reaplicação será analisada individualmente pelo Inep. Para os casos em que o pedido for aceito, as provas serão reaplicadas nos dias 16 e 17 de dezembro.
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